Como ser mais delicada e feminina de acordo com a Rainha Má de Branca de Neve 🍎

Quantas vezes nos cobramos para ser mais femininas sem nem saber o que realmente é feminilidade?


Hoje em dia, fazemos memes com aquela história de homens alfas versus homens betas, mas nem paramos para pensar o quanto esses ideais machistas interferem nas exigências femininas. (Além disso, por mais incrível que pareça, muitas pessoas acreditam fielmente nos princípios de ser “Macho Alpha” - e isso me assusta para caramba). Os “homens alfa” são respeitados, líderes e devem ser extremamente sedutores. Porém, jamais devem se submeter a se relacionar com uma classificação de mulheres que, para eles, é intolerável. Detalhe: se tratam de mulheres gordas, com estrias, com pelos corporais, seios pequenos (ou grandes demais), etc. - ou seja, mulheres comuns e reais.


Essa ideia é reforçada por uma série de fatores, como a mídia, a publicidade e a cultura popular. Filmes, novelas e programas de televisão, por exemplo, costumam apresentar mulheres que se encaixam em um determinado padrão de feminilidade: são incrivelmente bonitas, delicadas, gentis e, geralmente, submissas. - e quando não são, tornam-se figuras sexuais na mídia, como se fosse excitante ter respeito próprio e dizer “não” seja um “obstáculo” que homens devem superar...

Mas esse padrão é problemático por vários motivos. Em primeiro lugar, ele limita as possibilidades das mulheres. Ao impor um único modelo de feminilidade, ele exclui todas as outras mulheres que não se encaixam nesse padrão. Não se deve ser gorda ou magra demais, é preciso ter “equilíbrio”. Ah, e jamais levante sua voz para se defender, faça-o com classe como uma bela dama (sempre).

Em segundo lugar, todo esse estigma reforça a ideia de que a beleza é o principal atributo de uma mulher. Isso pode levar a uma competição entre as mulheres, que buscam se superar umas às outras em termos de beleza. Quantas de nós morreram ao fazer procedimentos estéticos? Quantas de nós foram traídas por nossos parceiros por não termos um “corpo melhor”?

A Rainha Má, personagem da história da Branca de Neve, é um exemplo da problemática da feminilidade. Ela é vista como má por desejar ser a mais bela do reino. Isso pode ser interpretado como uma consequência real daquelas mulheres que colocam a beleza estética acima de tudo e passam por cima de outras mulheres, as diminuindo. No entanto, convenhamos que essa representação da Rainha Má também pode ser vista em nós, mulheres normais, que somos pressionadas pela sociedade a serem sempre as mais bonitas e fazer parte de padrões de beleza. Ela - e nós também - é uma vítima da própria sociedade que a criou.


Feminilidade

Feminilidade é um conceito que, de acordo com o dicionário, se refere às qualidades, atributos ou características que se consideram próprias da mulher. No entanto, esse conceito é antiquado e problemático, pois pressupõe que existem comportamentos, atitudes ou características que são inerentemente femininos.

O comportamento feminino nada mais é que um comportamento humano. As mulheres, assim como os homens, podem ser fortes, independentes, agressivas, corajosas, etc. Classificar comportamentos como femininos ou masculinos rotula as pessoas de acordo com seu gênero, o que leva a uma hierarquia de gênero onde, a séculos, os homens estão acima das mulheres.

E é aí que entramos na desconstrução do conceito de feminilidade. As mulheres podem ser o que e como quiserem, independente de seu gênero. Quando pensamos em “feminilidade”, o mínimo a ser feito não é uma pesquisa no Google sobre como “ser”, mas sim compreender que existem diferentes formas de ser mulher e que todas elas são válidas. Parece simples, mas na verdade esse movimento ainda é inicial, afinal, quando se trata de ser mulher são três passos à frente e dois para trás.

Falando nisso…

O feminismo é um movimento que busca a igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres. Um dos principais objetivos do feminismo é a desconstrução dos papéis de gênero, que reforçam a ideia de que existem comportamentos, atitudes ou características que são inerentemente femininos ou masculinos.


Além disso, o feminismo, por mais incrível que pareça, não é um movimento apenas para mulheres. A luta pelos direitos e igualdade de gênero é uma questão universal. Quando uma pessoa do sexo masculino e que identifica com esse gênero reconhece que a sociedade patriarcal, na qual os homens têm muito mais privilégios e direitos, é prejudicial para ambos os gêneros, o movimento feminista se fortalece.

O homem feminista entende que, querendo ou não, o patriarcado perpetua estereótipos de gênero limitadores que afetam negativamente a todos. Um exemplo disso é quando os homens são pressionados a exercerem determinados papeis, como de liderança, sem o desejo real de assumir esses papéis. A masculinidade tóxica e as pressões para se conformar com essas normas restritivas de gênero também fazem parte do feminismo.

Então, qual o sentido de lutar contra o feminismo?


Ser um homem feminista significa apoiar a igualdade de gênero e trabalhar ativamente para desafiar o patriarcado e suas consequências negativas, e para promover a diversidade, inclusão e igualdade de oportunidades para todas as pessoas, independentemente de seu gênero.

E nem vamos mencionar a interferência de crenças religiosas e espirituais no movimento ‘antifeminista’, que é tão incoerente e prejudicial a todas as pessoas, ultrapassando os limites de gênero e, mais uma vez, ditando regras e normas restritivas.

Voltando às mulheres

O empoderamento feminino também é importante para essa luta. O empoderamento feminino é o processo de dar às mulheres o poder de controlar suas próprias vidas. Ele envolve a conscientização sobre os direitos das mulheres e o desenvolvimento de habilidades e recursos para que elas possam se realizar.

Lembra quando as mulheres começaram a participar das votações? E quando puderam assumir cargos e funções empregatícias que antes não lhes eram concedidas?

É sobre essa liberdade e empoderamento da qual estou falando. Ainda que o processo de receber salários adequados e iguais aos de homens do mesmo cargo, ter segurança para andar sozinha a noite (na verdade, considero todo o período do dia como alarmante), fazer uma laqueadura por vontade própria e não ser tratada como um ser biológico reprodutor, entre tantas outras coisas a serem conquistadas, já conseguimos marcos significativos e que nos permitem uma imensidão de possibilidades (ainda que não chegue aos pés do ‘necessário’).

Por fim, gostaria de ressaltar que a desconstrução do padrão de feminilidade, o feminismo como base para uma vida digna a todo ser humano e o empoderamento e independência das mulheres pode deixar de ser só um sonho e um texto nesse e tantos outros blogs. O movimento começa dentro de cada uma de nós, (in)felizmente a partir de nossas dores e tem potencial de alcançar além de nossa geração.



Para te inspirar e te ajudar a se aprofundar nessa temática, separei algumas referências para suas pesquisas:

Ballestrin, L.. (2020). Feminismo De(s)colonial como Feminismo Subalterno Latino-Americano. Revista Estudos Feministas, 28(3), e75304. https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n375304

Ondas do Feminismo. Disponível em: <https://www.blogs.unicamp.br/mulheresnafilosofia/ondas-do-feminismo/>.

Pinto, C. R. J.. (2010). Feminismo, história e poder. Revista De Sociologia E Política, 18(36), 15–23. https://doi.org/10.1590/S0104-44782010000200003

Rodrigues, C., & Freitas, V. G.. (2021). Ativismo Feminista Negro no Brasil: do movimento de mulheres negras ao feminismo interseccional. Revista Brasileira De Ciência Política, (34), e238917. https://doi.org/10.1590/0103-3352.2021.34.238917


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